domingo, 10 de janeiro de 2016

Justiça determina que médico de plano de saúde receba 3 vezes mais por parto normal




A Justiça Federal determinou nesta terça-feira, 1º, que os planos de saúde 

paguem honorário médico três vezes maior em casos de parto normal, 

em comparação com as cesarianas.

A decisão acata ação civil pública movida pelo Ministério Público 

Federal em São Paulo contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar 

(ANS) pedindo a implementação de uma série de medidas por parte da 

agência para tentar reduzir o índice de cesáreas na rede privada do País. 

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende que apenas 

15% dos partos sejam cesáreas, 85% dos nascimentos ocorridos na rede 

particular brasileira são feitos dessa forma.

A sentença prevê ainda que a ANS crie indicadores e notas de 

qualificação para as operadoras de planos de saúde e hospitais de acordo 

com as iniciativas dessas empresas, na tentativa de reduzir o número de 

cesarianas e adotar práticas humanizadas na realização do parto. A 

agência terá ainda de obrigar operadoras e hospitais a credenciar e 

possibilitar a atuação de enfermeiros obstétricos e obstetrizes no parto ou 

em seu acompanhamento.

Outras três medidas foram incluídas na determinação judicial, mas já 

vinham sendo praticadas pelas ANS desde julho: o uso, pelos médicos, 

do partograma como condição para que a remuneração seja efetivada; a 

divulgação, por parte das operadoras, das taxas de cesárea; e o 

fornecimento do cartão da gestante para todas as pacientes.

De acordo com a decisão do juiz federal Victorio Giuzio Neto, a ANS 

tem 60 dias para elaborar as resoluções normativas necessárias para a 

implantação das determinações judiciais. Caso a exigência não seja 

acatada, a agência será multada em R$ 10 mil por dia. Procurada na noite 

desta terça, a assessoria da ANS não foi localizada.

Projeto. As altas taxas de cesárea registradas no País fizeram a ANS 

anunciar, no final do ano passado, o projeto Parto Adequado, que tem 

como principal objetivo diminuir a taxa de partos cirúrgicos 

desnecessários entre as beneficiárias dos planos de saúde.

Além de implementar mudanças como a obrigatoriedade do partograma e 

a divulgação das taxas de cesárea de cada operadora, a agência ainda 

firmou uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e com o 

Institute for Healthcare Improvement (IHI) para testar novos modelos de 

assistência em cerca de 40 hospitais do País.

Segundo balanço divulgado em outubro, em seis meses, as unidades de 

saúde que participam da iniciativa reduziram as taxas de cesarianas. O 

índice passou de 80,1%, em 2014, para 72,8% em setembro deste ano. 

Previsto para terminar no final de 2016, o projeto deverá ser levado para 

outros hospitais.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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